quarta-feira, 9 de setembro de 2015

DEM, um partido em extinção: Há certas coisas na vida que já nascem destinadas ao fracasso, por Leonardo Attuch.

Há certas coisas na vida que já nascem destinadas ao fracasso. Esse é o caso do DEM. Para quem ainda não sabe, essa sigla abriga o antigo Partido da Frente Liberal, que mudou de nome para tentar atrair simpatizantes. Os antigos liberais, repaginados, hoje são os “Democratas” – daí a sigla DEM. Raras vezes, porém, uma substituição de marca foi tão infeliz. Podia-se gostar ou não do PFL, mas o fato é que a agremiação carregava três atributos: identidade, unidade e coerência. Apesar de suas mazelas, o partido podia defender, com legitimidade, algumas bandeiras, como as privatizações e a redução dos impostos. Hoje, porém, o que significa DEM? Pior: o que será do partido depois da passagem de velhos caciques, como o senador Antônio Carlos Magalhães?

Dizem os cientistas políticos que a mudança foi feita para ajustar o PFL aos novos tempos. Sendo o Brasil um país tão desigual, era o caso de vestir uma roupa mais pluralista, com uma pitada social. Mas, se é assim, como explicar a recusa dos antigos pefelistas à sigla PD, que seria natural para um Partido Democrata? A razão, pura e simples, é que “PD” remete a pederasta – e é assim que os franceses se referem aos homossexuais. Ou seja: o DEM, que se pretende plural, já nasceu marcado pelo preconceito.

Tão grave quanto isso é a perda de identidade, um caminho desastroso para quem vem perdendo fiéis. A esse respeito, cabe lembrar a lição de Joseph Ratzinger. Aos que lhe cobravam uma igreja mais aberta, o papa respondeu com ortodoxia. E comparou sua igreja ao grão de mostarda, que, mesmo pequeno, carrega a semente de uma grande árvore. No caso do PFL, era o caso de abraçar um liberalismo sem qualquer pudor. Assim, quem sabe, o partido teria alguma chance de vida no futuro. Hoje, porém, os liberais estão órfãos.

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