Aconteceu em algum ano no início da década passada. Todos estavam felizes prestigiando a festa da padroeira Nossa Senhora das Graças. Mas algo estava diferente naquele ano. Eu não entendia o porquê daquela cerca com talvez cinco ou mais fios de arame farpado ao redor da igreja. Os fiés estavam distraídos quando de repente começou o desespero. Uns tentaram passar por debaixo da cerca, outros tentaram pulá-la, já outros a derrubaram. Eu sobrevivi ileso debaixo do palco, assistindo a cenas inacreditáveis do povo de minha cidade e ouvindo o locutor, insistentemente, pedindo calma a todas as pessoas. Foi tudo muito rápido, mas não me isentou da sensação da presença da morte.
Amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos, muita gente ainda lembra daquela noite. Quando a correria terminou, cada pessoa tinha a sua história para contar. Mas havia também nas ruas e calçadas muita gente a procura de seus familiares, em especial filhos menores; outras, mesmo feridas, procuraram seus objetos pessoais, uma vez que após o retorno da normalidade, era fácil encontrar sapatos, sandálias, relógios, brincos e outros objetos perdidos no desespero. Outro dia um amigo me confidenciou que estava trabalhando com vendas naquela noite, e quando começou a correria ele seguiu o ritmo, esquecendo o dinheiro das vendas, sendo que posteriormente quando já dentro de sua casa lembrou-se do dinheiro e num momento de coragem retornou a sua banca para resgatar o apurado do dia. Um primo, que havia comprado uma roupa especialmente para aquele evento, exibiu o que havia sobrado dela quando esse tentou, sem sucesso, pular a cerca. Artistas de cidades vizinhas que suspenderam suas apresentações, lamentaram o ocorrido, prometendo não mais retornar a nossa terrinha.
No final, todos chegaram a conclusão: o locutor estava completamente com razão. Tudo não passou de um equívoco. Apenas o motorista da ambulância ligou a sirene para dispersar o povo, que se encontrava na sua frente, com o intuito de prestar um serviço assistencial mais rápido as vítimas de um acidente automobilístico; e os fiés, por sua vez, naquela noite, estavam temendo de uma conversa surgida, sabe-se lá onde, de que um carro cheio de bandidos armados queriam matar o delegado da cidade naquele dia.
Por Antonio Rizamar Bezerra da Silva
Amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos, muita gente ainda lembra daquela noite. Quando a correria terminou, cada pessoa tinha a sua história para contar. Mas havia também nas ruas e calçadas muita gente a procura de seus familiares, em especial filhos menores; outras, mesmo feridas, procuraram seus objetos pessoais, uma vez que após o retorno da normalidade, era fácil encontrar sapatos, sandálias, relógios, brincos e outros objetos perdidos no desespero. Outro dia um amigo me confidenciou que estava trabalhando com vendas naquela noite, e quando começou a correria ele seguiu o ritmo, esquecendo o dinheiro das vendas, sendo que posteriormente quando já dentro de sua casa lembrou-se do dinheiro e num momento de coragem retornou a sua banca para resgatar o apurado do dia. Um primo, que havia comprado uma roupa especialmente para aquele evento, exibiu o que havia sobrado dela quando esse tentou, sem sucesso, pular a cerca. Artistas de cidades vizinhas que suspenderam suas apresentações, lamentaram o ocorrido, prometendo não mais retornar a nossa terrinha.
No final, todos chegaram a conclusão: o locutor estava completamente com razão. Tudo não passou de um equívoco. Apenas o motorista da ambulância ligou a sirene para dispersar o povo, que se encontrava na sua frente, com o intuito de prestar um serviço assistencial mais rápido as vítimas de um acidente automobilístico; e os fiés, por sua vez, naquela noite, estavam temendo de uma conversa surgida, sabe-se lá onde, de que um carro cheio de bandidos armados queriam matar o delegado da cidade naquele dia.
Por Antonio Rizamar Bezerra da Silva
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